É com imenso pesar que lamentamos o falecimento do professor Ernani Costa Straube — uma referência ímpar para o Paraná, para a historiografia local e para todos que cultivam o amor ao conhecimento.
Nascido em 28 de janeiro de 1929, Straube dedicou sua vida à pesquisa, à educação e à preservação da memória de Curitiba e do Paraná. Mesmo aos 95 anos, lançava obras e seguia trabalhando em novos projetos: seu 17º livro, Dicionário Histórico dos Logradouros de Curitiba, resultou de três anos de incansável coleta de registros sobre cerca de 5 mil vias da capital paranaense, incluindo suas denominações antigas, leis de criação e breves biografias de suas homenagens.
Como pesquisador, historiador, professor, gestor e intelectual multifacetado, Ernani Straube deixou legados que atravessam gerações. Ele também integrou a Academia Paranaense de Letras, presidiu o Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, ajudou a idealizar a Escola de Polícia Civil do Paraná e atuou como perito em casos de relevância nacional — sendo o último perito vivo do acidente aéreo de Colônia Murici, em 1958, que vitimou figuras políticas importantes.
Era grande sua curiosidade e sua sensibilidade para perceber o curioso nas histórias cotidianas: ele narrou como muitas “ruas antigas” de Curitiba ganharam seus nomes por iniciativa da política local, de comunidades ou pelo uso popular — como a “antiga Rua Alegre”, cujo nome teria origem num alfaiate com esse sobrenome.
Com rigor documental, ele resgatava a memória das vias e das pessoas que ecoam na toponímia urbana.
Mais do que autor de livros, era um contador de histórias da cidade, um amante da memória urbana e um alicerce da cultura paranaense. Trabalhava sem descanso: mesmo após concluir Dicionário Histórico, já preparava outras duas obras — uma sobre escotismo no Paraná e outra sobre os 120 anos do Colégio Bom Jesus.
À família, aos amigos, aos seus alunos e colegas, expressamos nosso mais profundo agradecimento por tudo o que ele semeou em vida — e nossa solidariedade pela ausência que agora pesa. Que sua obra e sua memória inspirem futuras gerações a valorizar o passado, cultivar a curiosidade e honrar nossa identidade regional.