O jornalista Aroldo Murá publicou em seu site um artigo assinado pelo presidente do Movimento Pró Paraná, Marcos Domakoski, sobre a atuação da entidade na esfera ambiental.
Confira aqui ou leia abaixo.
O Pró-Paraná e as questões ambientais
Como integrante do Conselho de Recuperação dos Bens Ambientais Lesados (CRBAL), o Movimento Pró-Paraná (MPP) tem participado dos debates sobre o projeto que busca cuidar do meio ambiente não apenas com a preservação, mas também por meio de medidas públicas voltadas à sociedade. Com grande honra e senso de responsabilidade é que o MPP aceitou, em outubro do ano passado, o convite do Secretário de Estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Márcio Nunes, para integrar o CRBAL. O conselho, criado em outubro de 2021, busca propor, analisar e aprovar programas e projetos relativos aos recursos decorrentes das condenações em ações civis públicas, destinados à preservação, conservação, reconstituição, restauração e reparação dos bens ambientais.
As questões ambientais e o desafio de preservar sem abrir mão do desenvolvimento do nosso estado são um tema permanente na agenda do MPP. Nos debates do movimento sobre infraestrutura – e são muitos — o aspecto da sustentabilidade está sempre presente. Foi assim nos estudos técnicos que propuseram um novo modelo de concessão de rodovias para o Paraná, com obras e tarifa justa. Também não perdemos o cuidado ambiental de vista na proposta de inclusão da terceira pista no Aeroporto Afonso Pena, na recomendação de derrocagem da Pedra Palangana para dar acesso a navios maiores no Porto de Paranaguá, na defesa da engorda da praia de Matinhos e no pleito que levou à construção da nova ponte de Foz de Iguaçu, ligando Brasil e Paraguai. Tem sido assim também no estudo do plano de mobilidade de Guaratuba.
A cultura de visões múltiplas que alimentamos em nosso movimento e que vemos presente também em outras entidades ligadas aos setores produtivos são uma verdadeira riqueza do Paraná. No caso do MPP, graduados nas mais variadas áreas, os integrantes enriquecem a discussão com aspectos técnicos que passariam ao largo de nossa preocupação se tivéssemos todos a mesma formação.
Pessoalmente, meu trabalho em prol da sustentabilidade ganhou impulso em maio de 2004, quando apresentei o projeto “Mais Curitiba” no encontro anual do Pacto Global da ONU, conduzido em Nova York pelo então secretário-geral, Kofi Annan, e prestigiado por chefes de Estado do mundo todo, inclusive o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. O tema ambiental ainda não tinha na agenda mundial a relevância que – felizmente – ganhou nos últimos anos. Na ocasião, tive a honra de ser um dos primeiros signatários brasileiros do Pacto Global da ONU. Como então presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), integrei o Comitê Gestor do Pacto no Brasil.
A partir dessa participação, fui convidado, no ano seguinte, em 2005, a tomar parte em Paris de um encontro de 80 líderes do mundo todo com Annan, o presidente francês Jacques Chirac e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair — por sinal, meu colega de mestrado na Universidade de Edimburgo, no fim dos anos 70. Era um grupo pequeno, reunido no Palácio do Eliseu, sede do governo francês. Blair sediaria meses depois a cúpula do G8 que deu origem à Declaração de Edimburgo, com foco na proteção da biodiversidade. O encontro na França serviu como uma ação preparatória. Ainda em 2005, fui convidado a apresentar na Universidade de Nova York o projeto “Mais Curitiba”, fruto de parcerias público-privadas que buscaram alternativas econômicas e sociais sustentáveis para a cidade.
Voltei a tomar parte do encontro Anual do Pacto Global da ONU em 2007, desta vez na sede das Nações Unidas em Genebra, com a presença de 400 lideranças mundiais. Também em Genebra, em setembro de 2008, estive em um encontro promovido pela ONU chamado “Carring for Climate”.
Em setembro 2009, Ban Ki Moon, então secretário Geral da ONU, promoveu junto com o primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Rasmussen, uma reunião preparatória para o encontro climático de Copenhague em dezembro. O foco das discussões era o documento que sucederia o Protocolo de Kyoto. Foi algo decisivo para a agenda climática porque no Acordo de Copenhague, os países desenvolvidos se comprometeram a contribuir com US$ 10 bilhões ao ano, entre 2010 e 2012, e com US$ 100 bilhões ao ano a partir de 2020, para a mitigação e adaptação dos países vulneráveis às consequências das mudanças climáticas. Também em Copenhague foi obtido o consenso sobre a importância de se reduzir as emissões produzidas pelo desmatamento e pela degradação das florestas, adotando-se, para isso, incentivos positivos financiados por países desenvolvidos.
Em junho de 2010, a ONU promoveu um evento para celebrar os 10 ano do Pacto Global. Estive lá, junto com outros mil líderes de todo o mundo –boa parte deles políticos, empresários e representantes de setores produtivos. O alto comando das Nações Unidas teve sempre a consciência de que só envolvendo os diversos segmentos sociais é que se pode fechar um pacto climático que saia do papel e seja de fato aplicado. Não por acaso, há um esforço grande para que instituições de variados matizes, no mundo todo, se comprometam com os objetivos da Agenda 20/30 do Pacto Global da ONU.
O tema ganhou força e chegou a todos os recantos do mundo, com vozes das mais variadas atividades profissionais. Era esse o espírito presente dezembro de 2015, quando participei da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP21), em Paris. Ali se firmou o compromisso de trabalharmos todos para deter o aumento da temperatura do planeta.
Acompanho de perto todo o debate internacional sobre o clima e a sustentabilidade da Terra. Com essa vivência, somada ao conhecimento dos demais integrantes do Pró-Paraná, é que espero poder contribuir com o Conselho de Recuperação dos Bens Ambientais Lesados do nosso estado.
No Pró-Paraná cremos firmemente que a questão ambiental consegue se resolver se houver vontade política, recursos disponíveis e bons projetos. Penso que já temos os dois primeiros itens, basta esse grupo elencar corretamente as prioridades e continuaremos a ser o primeiro estado do Brasil em relação a questões do meio ambiente.