Desenvolvimento Humano pauta reunião de lançamento de seu Conselho de Integração de Território e Região Sul

Tendo como palestrantes o economista e professor José Pio Martins e o diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Jorge Callado, o Movimento Pró-Paraná promoveu nesta quinta-feira (29/2), na sede do Centro de Integração de Escola-Empresa (CIEE) do Paraná, a reunião de lançamento de seu Conselho de Integração de Território e Região Sul, coordenado por Domingos Tarço Murta Ramalho.

A mesa dos trabalhos foi composta ainda pelo ex-ministro Luiz Carlos Borges da Silveira e pelo engenheiro Mário Pereira, um dos vice-presidentes do MPP. A reunião teve como eixo central as visões sobre a economia do Paraná e os reflexos dela para o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da população.

Murta Ramalho falou sobre a formação do Conselho, composto por quatro ex-governadores: Mário Pereira, Orlando Pessutti, Cida Borghetti e Álvaro Dias. “Temos também desembargadores, parlamentares, representantes de entidades, todos focados em contribuir para que a população possa ter alguma melhora na qualidade de vida.”

Mário Pereira, na abertura da reunião, deu as boas vindas a todos e destacou a importância da pauta em debate.

Borges da Silveira comentou sobre o Fundo Sul, causa que uniu os três estados da Região Sul em torno de uma emenda parlamentar. O Fundo, formado por 1% do orçamento federal, se assemelha aos já existentes nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste para investimentos em áreas de baixo IDH. “A união em torno da causa é um dividendo relevante que já temos, antes mesmo da aprovação da emenda. Obtivemos mais de 300 assinaturas de parlamentares e o apoio dos sete governadores do Sul e do Sudeste. Ao contrário do que se pensa inicialmente, essas regiões têm áreas que demandam investimentos para melhora do desenvolvimento humano”, destacou.

Callado, do Ipardes, salientou que o Instituto passou recentemente a ser considerado uma instituição de ciência e tecnologia, a ser aplicada inclusive para demandas sociais. Callado também apresentou uma visão geral dos bons índices da economia estadual. “O Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná tem tido no PIB nacional uma fatia sempre superior a 6% desde 2013, ficando bem acima da média nacional, com 7,8%, em 2023”, observou.

O diretor-presidente listou ainda as cidades com maior e menor PIB per capita. Na ponta dos mais prósperos estão Araucária, Saudades do Iguaçu, Ortigueira, Indianópolis e Brasilândia do Sul. Entre os mais pobres figuram Doutor Ulysses, Almirante Tamandaré, Guaraqueçaba, Tunas do Paraná e Piraquara. Em municípios como estes é que o Fundo Sul teria grande impacto em termos de elevação do desenvolvimento humano. Ele também convidou a todos para consultar os indicadores levantados pelo Ipardes e disponibilizados em seu site (www.ipardes.pr.gov.br).

A importância do desenvolvimento econômico para impulsionar os indicadores socioeconômicos foi o ponto de partida da palestra do economista Pio Martins. “Alguns problemas estruturais do Paraná, são problemas do Brasil. Outros são particulares do estado. Um desse problemas exclusivos é o fato de haver 399 municípios, mas 104 deles têm menos de 5 mil habitantes (o que dificulta a manutenção das contas públicas municipais pelo baixo número de contribuintes). O menor é Jardim Olinda, que tem pouco mais de 1.400 habitantes, o equivalente a um condomínio”, comparou.

Pio destacou que o IDH não revela toda a realidade e que o Paraná teve a sorte de registrar uma taxa de crescimento populacional abaixo da média nacional porque sua população rural migrou para outras fronteiras agrícolas desde os anos 70 até 2022. Somente no ano passado a tendência se reverteu com a entrada no estado de mais de 100 mil imigrantes, sobretudo haitianos e venezuelanos. Para o economista um ponto de alerta é o fato de o Paraná ser muito dependente do agronegócio. Isso, em si, não é bom nem ruim, mas as experiências mostram que a dependência de um só segmento traz riscos para a economia”, disse lembrando dos casos da chamada doença holandesa (colapso nas exportações após o boom do gás natural) e do petróleo venezuelano. “Corremos risco com essa dependência do agronegócio, que está todo tecnificado e emprega pouco. Outro ponto é que o maior porto brasileiro, que é o de Santos, é o número 40 no ranking dos 305 pontos de grande porte do mundo. Paranaguá precisa elevar sua capacidade. Se o agro do estado crescer mais, temos um problema”, alertou.

Pio também fez um alerta sobre a obsolescência do parque industrial brasileiro, bem como sobre sua baixa produtividade. “O Brasil recolhe 34% da renda nacional em tributação e investe apenas 2,5%. Pior: não o faz com os impostos, mas com endividamento. São problemas graves que afetam todos os estados”, disse. No Paraná, o economista apontou o problema da baixa industrialização, citando como exemplo a soja. “Somente o primeiro esmagamento é feito no Paraná. O refinamento do óleo, a produção de rótulos e de embalagens e outras etapas associadas, são feitas fora do estado”, apontou.

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